segunda-feira, 27 de abril de 2009

"É FUNDAMENTAL DIMINUIR A DISTÂNCIA ENTRE O QUE SE DIZ E O QUE SE FAZ, DE TAL FORMA QUE, NUM DADO MOMENTO, A TUA FALA SEJA A TUA PRÁTICA." (PAULO FREIRE)


AVALIAÇÃO FORMATIVA: ESSE É O CAMINHO

Esse blog foi criado com o objetivo de tornar-se um portfólio eletrônico¹ do meu curso de EEPPIII, que é uma disciplina obrigatória do curso de Pedagogia que faço na FEBF/UERJ.
Quando o professor Ivanildo² pediu para construirmos um portfólio eletrônico fiquei um tanto quanto preocupada já que não sabia do que se tratava, tampouco por onde começar, porém, ao destrinchar o texto "Construindo o portfólio eletrônico"(Ivanildo Amaro), consegui iniciar meu trabalho.
Falando um pouco sobre o texto citado, posso dizer que foi bastante esclarecedor e instigante ler sobre um tema tão "rico" quanto avaliação formativa. Ela tira a nota do foco da avaliação e o põe na aprendizagem e avanço do aluno. O professor perde seu papel de único detentor do saber, ele desce do seu pedestal e passa a atuar como um professor mediador do processo pedagógico. Onde o aluno é sujeito do seu processo de construção do conhecimento. Na minha opinião o professor mediador é aquele que consegue unir teoria e prática e que leva todo conhecimento que adquiriu na universidade para dentro da sala de aula.
Acredito que esse seja um grande tema para discutirmos aqui: será que a faculdade nos dá uma base pedagógico/didática satisfatória? Mas esse debate fica para o próximo post, onde falarei sobre o texto PRODUÇÃO DE SABERES NA ESCOLA: SUSPEITAS E APOSTAS DE JOSÉ CARLOS LIBÂNEO que tem tudo a ver com o nosso tema do debate. Até a próxima!


¹"Conjunto de produções do aluno em seu processo vivenciado de aprendizagem e de construção de conhecimento."

²Professor Adjunto do Departamento de Formação de Professores da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense (FEBF/UERJ).

CONVERSANDO SOBRE O TEXTO: PRODUÇÃO DE SABERES NA ESCOLA: SUSPEITAS E APOSTAS.

Libâneo inicia o texto falando sobre os tipos de saberes existentes dentro da escola. Esses saberes, segundo ele, podem ser científicos ou não, sistematizados ou não.

O autor lança uma série de suspeitas e apostas relacionadas a escola. Vou tentar resumir aqui suas colocações.

Suspeita 1:
Quanto mais se fala em qualidade de ensino, mais se perde a qualidade cognitiva das aprendizagens.
Suspeita 2:
A qualidade das aprendizagens dos alunos depende da qualidade profissional dos professores. Suspeita 3:
Persiste distanciamento entre teoria (pesquisas universitárias) e prática (professorado do ensino fundamental e médio).
Suspeita 4:
Boa parte dos professores formadores de professores desconhece os problemas concretos das salas de aula e discutem temas fragmentados, resultando em visões reducionistas.
Suspeita 5:
O interesse pelo tema "formação de professores" promove um olhar mais voltado para os aspectos institucionais e do desenvolvimento pessoal do professor. Isso gera uma redução no interesse pela qualidade da aprendizagem dos alunos. (O foco do ensino tem de ser o aluno.)
Suspeita 6:
As recentes pesquisas sobre formação de professores parecem não levar muito em consideração algumas condições importantes das escolas brasileiras (condições precárias de trabalho dos professores; precária formação profissional; desprepararo para exercer múltiplos papéis etc.).

As suspeitas não trazem novidades. A escola pública no Brasil passa por dificuldades a décadas e o que o autor faz é enumerar essas dificuldades carregadas e multiplicadas ao longo do tempo.

As apostas me chamaram mais atenção, tanto por seu carater transformador, quanto por questionar a máquina pública formadora de professores. Educadores mal-formados não conseguem (ou nem tentam) dar uma aula diversificada, eles simplesmente reproduzem o conhecimento, não formam alunos críticos e pensantes.

Libâneo aposta:
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1) na aproximação dos pesquisadores e professores da prática;
2) na formação teórica e prática de qualidade para os professores (e no investimento na formação continuada);
3) na necessidade de investir na cultura dos professores: "Somente professores que se transformam em sujeitos cultos, isto é, sujeitos pensantes e críticos, serão capazes de compreender e analisar criticamente a sociedade em que vivem, a política, as diferenças sociais, a diversidade cultural, os interesses de grupos e classes sociais e agir eficazmente frente a situações escolares concretas." (p. 36);
4) no domínio dos conteúdos específicos: "Ninguém dá o que não tem".
5) na mudança na atuação dos professores de formação de professores. "O professor precisa promover o 'ensinar a aprender a pensar'."
6) nas mudanças nas condições salariais e de trabalho. As apostas de Libâneo baseiam-se na qualidade da formação básica e continuada dos professores, e também, coloca no foco das discussões o perfil dos formadores de professores, que em sua opinião, não dão a devida importância a preparação pedagógico-didática dos futuros professores.

Acredito que as apostas de Libâneo tem o ideal transformador e emancipatório necessácio para mudar o panorama educacional brasileiro, porém, infelizmente, também acredito que o poder público e privado não tem interesse que se mude a qualidade da educaçao.

Apostar na educação é um risco...

... eu adoro desafios...

... e você?

Referência bibliográfica:

Libâneo, José Carlos. Produção de saberes na escola: suspeitas e apostas. In: Candau, Vera Maria (org.) Didática, currículo e saberes escolares. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.